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Foto: Pedro Piegas (Diário)
A máscara até esconde o sorriso estampado no rosto da faxineira Cláudia de Freitas Bairros, 50 anos, ao mostrar a nova casa, mas a alegria é tanta que transborda e faz os olhos marejarem. Desde o feriadão de Páscoa, a construção número seis da Rua Vereador João Dallazana, na Vila Brasília, região norte de Santa Maria, ganhou o verdadeiro sentido de lar para a família. Naqueles dias, amigos, vizinhos e até desconhecidos fizeram um mutirão para reconstruir casa, que estava em péssimas condições, com parte da madeira apodrecida e quebrada.
- Eu já chorei muito de tristeza e, agora, minhas lágrimas são de felicidade. Eu tive muitos heróis no meu caminho que me ajudaram a ter uma vida melhor - afirma.
Cláudia vive com o marido Cléber Lisboa, 35 anos, e os dois filhos Cleberson, 9 anos, e Wellington, 6 anos. A casinha de madeira agora já não tem mais infiltrações, frestas nem tábuas soltas. Isso porque um grupo se reuniu para comprar os materiais de construção e fazer uma reforma completa. Os trabalhos foram feitos entre a Sexta-Feira Santa e o domingo de Páscoa.
- Eu conheci a Cláudia, uma pessoa excepcional, por meio da minha esposa, que trabalha no posto de saúde. Somos amigos há mais de 10 anos. Toda vez que eu passava em frente à casa dela, ficava preocupado. A casa realmente estava prestes a cair. Então,muitas pessoas se uniram conosco e conseguimos dar essa casa humilde, mas digna, para ela. Não passamos a Páscoa com a nossa família neste ano, mas conseguimos ajudar essa família tão querida - relata o motorista de aplicativo João Batista Vargas.
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Foto: Pedro Piegas (Diário)
DIAS DE TEMPORAL
style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">Quem vê a nova casa, nem imagina todos os perrengues que a família de Cláudia passou nos últimos anos (veja, ao lado, como era a casa). Aliás, ela nem lembrava mais se algum dia a casa esteve inteira. Os dias de chuvarada e ventania eram os piores. Para proteger os filhos pequenos, ela levava-os até a casa de uma outra filha. Nos temporais, Cláudia lembra que a casa tremia toda e a água da chuva invadia a residência. Eles precisavam subir em cima dos móveis.
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- Nesses dias, eu não dormia. Toda vez que eu precisava tirar os meus filhos de casa, ajoelhava e pedia que Deus me ajudasse. Eu os abraçava e dizia que, um dia, conseguiríamos vencer - desabafa.
PANDEMIA E DESEMPREGO
Desde que a pandemia do coronavírus começou, Cléber está desempregado, o que fez a renda da família diminuir muito. Ele até fazia bicos como cortador de grama, mas, a máquina que usava estragou e não há dinheiro para o conserto. Já Cláudia trabalhava fazendo faxinas. Como é diabética e está no grupo de risco da Covid-19, teve dificuldades para continuar. Atualmente, ajuda a cuidar dos netos, que moram com a filha mais velha.
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Foto: Pedro Piegas (Diário)
João (à direita) foi um dos amigos que ajudou a família de Cláudia
Pela primeira vez, as crianças têm o próprio quarto
style="width: 50%; float: right;" data-filename="retriever">Hoje, a casa tem quatro cômodos: cozinha, banheiro e dois quartos. Antes, só havia um quarto e todos precisavam dormir juntos. Com o espaço ampliado, agora, Cleberson e Wellington ganharam um novo lugar para brincar.
- Eles não saem do quarto mais. Adoram brincar, assistir TV. É bem melhor assim, meu marido e eu temos o nosso espaço, e as crianças o quarto delas. Era um sonho para eles, que nunca tiveram uma cama própria - conta Cláudia.
Em cima da cama, a dupla espalha os brinquedos, que incluem carrinhos e miniaturas de animais, e passa boa parte do tempo enquanto não tem afazeres da escola para resolver.
- É muito bom poder brincar dentro de casa. Sempre quis um quarto para mim - fala Cleberson, o filho mais velho.